Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2021
Por Roberto Faria, presidente da Rodoviária do Rio S/A
Estou à frente da gestão do principal terminal rodoviário do Rio de Janeiro, a Rodoviária do Rio (antiga Novo Rio) há, aproximadamente, 13 anos. Neste período, a iniciativa privada mostrou-se altamente efetiva na administração do terminal tão importante para o deslocamento da população e do turista. Hoje, possuímos uma estrutura reformada, climatizada e moderna com diversos serviços, trazendo ao usuário total comodidade, conforto e, principalmente, segurança para quem embarca e viaja de ônibus.
No entanto, a presença massiva de irregularidades nos arredores do terminal permanece inalterada há décadas. Além da atividade do comércio ilegal nas calçadas do terminal, o transporte clandestino continua a todo o vapor: carros de passeio fazendo lotadas, vans irregulares, falsos motoristas de aplicativos etc. E, o pior, com um agravante: os riscos à saúde pública pela condução perigosa que oferecem e pela ausência de protocolos sanitários. As fiscalizações pontuais pela municipalidade e agências reguladoras funcionam eventualmente, possibilitando a continuidade de tais práticas. O alerta à população nesse momento é importantíssimo. Convencidos pelas ofertas de preços baixos, os consumidores destes serviços não se dão conta dos riscos. Ao adquirir um produto nestas condições podem estar consumindo algo fora da validade, de origem duvidosa ou alvo de contrabando.
Quando se fala em transporte, o passageiro precisa observar se o ônibus contratado sai de um terminal rodoviário dotado de estrutura e de segurança e verificar se as condições do veículo atendem às normas sanitárias. Mas, no Brasil, infelizmente, quando se quer driblar a legalidade, há sempre um jeitinho. Assim surgiu a modalidade “fretamento colaborativo”, que nada mais é do que converter um serviço legal de fretamento em uma linha clandestina intermediada por uma plataforma digital pseudo inovadora.Temeroso cenário, principalmente frente aos esforços do setor regulamentado.
As rodoviárias e viações continuam registrando queda no movimento de passageiros (de 45% a 50%) e, ainda assim, o setor tem investido em segurança e conforto. São garantidos, ainda, os benefícios sociais (gratuidades), frota renovada e o trabalho realizado com motoristas capacitados que oferecem a máxima segurança. Por outro lado, os estabelecimentos regularmente instalados no terminal pagam impostos, geram centenas de empregos formais e comercializam produtos certificados e homologados pelos órgãos sanitários. É hora de trabalharmos pela maior conscientização popular para que o “barato não acabe saindo caro”. Seguimos conscientes das dificuldades mas mantendo os investimentos em meio à crise e durante a pandemia. Também é preciso que todas as esferas governamentais encarem o problema com mais empenho e eficácia para que a degradação generalizada não ocorra.
Vale a reflexão!