Cyda Moreno leva seu protagonismo negro em “Luiza Mahin… Eu ainda continuo aqui” para curta temporada teatral na Casa de Cultura Laura Alvim (Ipanema – RJ) de 14 a 29/9, quartas e quintas-feiras. A peça envolve e emociona o público com o canto e as interpretações marcantes dos cinco atores negros de diferentes gerações. Assistida por aproximadamente 2.500 pessoas, é assim que vem sendo considerado o espetáculo que dá um grito de alerta para o fim do extermínio da juventude negra nas comunidades e periferias do Brasil. O drama que se inspira na vida real denuncia ainda o feminicídio, uma terrível violência contra a mulher que a cada dia se torna a dura realidade brasileira.
Márcia Santos escreveu o texto original sob medida para Cyda interpretar a protagonista, mãe do advogado Luiz Gama, que, embora tenha nascido livre, foi entregue aos 10 anos à escravatura pelo próprio pai. A direção artística e preparação corporal são do multiartista e ator premiado Édio Nunes. Direção Musical de Jorge Maya, criador da trilha sonora original em parceria com a percussionista Regina Café.
A montagem promove um cruzamento entre relatos contemporâneos de mães negras. Traça um paralelo entre a figura ancestral e o sofrimento delas com a perda dos filhos para a violência. Aborda o drama histórico, desenrolado ao longo dos séculos, de mulheres pretas que, da mesma maneira como Luiza Mahin, são separadas de seus filhos. Por exemplo, os jovens que são assassinados ou desaparecem em favelas e periferias no Rio de Janeiro – explica Cyda.
Pelos palcos brasileiros, com apenas quatro meses em cartaz em diversos espaços, presenciais e online, a atriz e produtora veste a pele de Luiza Mahin com a imponência de uma rainha. A personagem é o elo entre todas as mulheres negras e pobres em cena, inclusive uma das atuações é de Marcia Santos que na montagem, além de atriz é a dramaturga. Já Márcia do Valle, é a atriz convidada da produção e os atores Taís Alves e Jonathan Fontella completam o elenco.
A dramaturgia construída a partir da ideia de Cyda Moreno apresenta uma narrativa com base na carta escrita por Luiz Gama sobre a própria mãe, que foi revolucionária da Revolta dos Malês. “A esse documento, são somados relatos verídicos de mães que tiveram seus filhos mortos ou desaparecidos”, acrescenta a autora.
Quando a percussão dá o tom da cena negra! Em meio às interpretações pontuadas pela música, a história é contada ao som da percussão de Regina Café, reforçando a energia tribal e ancestral das mulheres negras. A música é mais do que um elemento da trilha sonora original executada ao vivo e a percussionista pela sua interatividade é, sim, o sexto integrante do elenco. Aliás, Jorge Maya, o diretor musical sabe o que faz e junto com Café criou a atmosfera perfeita da peça para a cada batida do tambor encher o público de emoção.
Quem foi Luiza Mahin? Mãe do poeta, advogado, escritor e abolicionista Luiz Gama – figura entre os grandes nomes celebrados pelo movimento negro brasileiro. A heroína teria sido uma das líderes da maior revolta escrava no Brasil – o Levante dos Malês – e participado de inúmeras revoltas de escravos em Salvador nos anos de 1830. Entre as feministas negras, Mahin é exaltada como referencial de luta e recebe diversas homenagens.
Cyda Moreno – A atriz, produtora cultural, mestre em artes cênicas e doutoranda pela UNIRIO mantém o Blog “Cafuné na cena preta e outros babados cênicos”. Com 41 anos de carreira a mineira de Belo Horizonte mora no Rio há 23 anos. No teatro, Cyda trabalhou com encenadores como Antunes Filho e Ulysses Cruz. Foi a Jocasta negra, na versão de “Édipo” (1996) encenada em são Paulo, com direção de Renato Borghi. Fez o filme “Filhas do Vento” de Joel Zito. Sua mais recente participação em novelas foi em “Um Lugar ao Sol” (TV Globo) com a personagem “Penha”, quando contracenava com Ana Beatriz Nogueira (Elenice) em momento decisivo do folhetim.
Prêmios em festivais e indicação no APTR – Entre os prêmios conquistados pela montagem de “Luiza Mahin” estão “Melhor Espetáculo” e “Melhor Atriz” (Marcia Santos) na Mostra de Teatro de Varginha (2021); “Melhor atriz” (Cyda Moreno) no 13º Festival de Teatro de Varginha; além de uma indicação a “Melhor Atriz Coadjuvante” (Marcia do Valle) no Prêmio APTR (2021).
FICHA TÉCNICA
Texto: Márcia Santos; Idealização e produção: Cyda Moreno; Direção artística e corporal: Édio Nunes; Direção musical e preparação vocal: Jorge Maya; Elenco: Cyda Moreno, Marcia Santos, Tais Alves e Jonathan Fontella; Atriz convidada: Márcia do Valle/ Tatiana Henrique (stand by); Vozes dos policiais: Thelmo Fernandes, Marcelo Escorel e Gedivan de Albuquerque; Voz de Luiz Gama: Déo Garcez; Cenário e figurinos: Wanderley Gomes; Trilha sonora original: Jorge Maya e Regina Café; Percussão: Regina Café; Desenho de luz: Valdecir correia; Edição de vídeo: Madara Luiza; Fotografia: Cláudia Ribeiro; Design: Maria Julia Ferreira; Maquiagem: Andréia Jovito; Coordenação de marketing: Naira Fernandes; Apoio de pesquisa histórica e letra da música “Calma Preta”: Aline Najara; Direção de produção: Cyda Moreno; Assistente de produção e sonoplastia: Marina Silva. Assessoria de Imprensa: Clóvis Corrêa.
Mais informações: @luizamahin.espetaculo
https://www.facebook.com/espetaculoluizamahin
SERVIÇO
Peça: “Luiza Mahin… Eu ainda continuo aqui” Estreia: 14 de setembro, quarta-feira, às 20h Temporada: 14 a 29/9
Texto: Márcia Santos | Direção: Édio Nunes | Direção musical: Jorge Maya | Elenco: Cyda Moreno, Márcia Santos, Márcia do Valle, Taís Alves e Jonathan Fontella| Percussão: Regina Café | Local: Casa de Cultura Laura Alvim | Endereço: Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema, Rio de Janeiro | Bilheteria: aberta a partir de 13h| Sessões: quartas e quintas-feiras às 20h | Ingresso: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia) | Duração: 56 minutos | Classificação: 14 anos |Capacidade: 190 pessoas.